Fiz
acompanhamento no pós-transplante... Primeiro uma vez por semana, durante um
mês, mais ou menos. O normal é começar passando duas vezes na semana, mas eu
estava muito bem e tinha ficado tanto tempo internada, que a minha médica a Drª
Luciana Feltran e o Dr. Paulo resolveram me deixar uma vez na semana e conforme
meus exames foram se estabilizando, o espaço entre uma consulta e outra foi
aumentando para quinze em quinze dias, até ficar uma vez por mês.
Em
dias de consulta, precisava chegar bem cedo, tipo umas 04h30 para pegar uma
senha e colher exames. Depois, esperávamos até à tarde para passar na consulta.
Enquanto esperávamos, ficávamos na Associação de Pacientes Transplantados. Lá
aprendi a fazer bijuterias com um casal de voluntários, seu Zé e dona Neida
(eles já eram bem idosos). Levavam todo o material que nós usávamos nas
bijuterias e também levavam bolos, bolachas e sucos para
lancharmos. A dona Neida me deu a ideia de vender o que eu fazia,
pra ganhar um dinheiro.
A
Associação fazia festas e passeios para os pacientes. (Fui até a um jogo de
futebol no Morumbi, ver Corinthians e Palmeiras, a convite da CBF. Entrei no
campo com os jogadores, fiquei no camarote da Globo e ainda apareci no Globo
Esporte). Foi também na Associação que eu dei umas entrevistas para revistas,
um jornal e um canal de tv a cabo.
Na
época que transplantei, quase todo mundo que eu conhecia também transplantou. O
ambulatório foi ficando pequeno... Mesmo assim, o número de doadores era, e
ainda é pouco.
Depois
que eu transplantei, tudo melhorou na minha vida! Eu podia comer e beber de
tudo. (Nossa! Como é bom poder beber água, suco, água de coco, entre outros,
sem restrição. As pessoas que não tem problema nos rins não sabem o quanto tem
que agradecer a Deus. Elas não sabem o quanto é difícil não poder beber e nem
comer tudo o que tem vontade). Pude passar férias em Cananéia, três semanas.
(Pra quem só podia ficar no máximo três dias fora de São Paulo, estava ótimo).
Agora eu tinha tempo pra estudar direito, fazer meus cursos, viajar e passear.
Mas me cuidando, é claro ! Tomando meus remédios e me prevenindo pra não pegar
gripe e outras doenças e infecções.
Por
causa da GESF eu sempre perdia proteína na urina. Minha médica tentava amenizar
com combinações de remédios, doses mais altas de prednisona e pulso terapia (o
que me fazia inchar ainda mais). Mas não era sempre que dava certo. Tinha dias
em que eu perdia muita proteína e, por isso, ficava muito mais inchada. Rosto,
barriga e pés. Meus pés nem entravam nos sapatos, pareciam dois pães.
Matéria publicada em 25 de setembro de 2001
Com dona Neida e seu Zé - voluntários na Associação de Pacientes Transplantados
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