(...)"Me fiz tão forte quanto o escuro do infinito
E tão frágil quanto o brilho da manhã que eu vi chegar" (...) Saga - Filipe Catto

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

MEUS PRIMEIROS ÍDOLOS MÚSICAIS

Eu só comecei a ir para as baladas aos 18 anos. Muitas vezes minha mãe me levava e ficava comigo, Thaís, Thathí, Aline e Bruna. O nosso lugar preferido era o Lucena Bar, na Lapa.

Eu gostava muito de andar na região da 25 de março e ir ao Brás para fazer compras. (Ia muito na 25 de março para comprar material para fazer bijuterias. Eu vendia). Na maioria das vezes, ia com minha prima Thaís, às vezes, a Thathí, a Aline, a Bruna, minha mãe e/ou meu pai me acompanhavam ou eu os acompanhava.

Frequentava a igreja e participava...

Gostava de festas, quermesses, parques...

Adorava o Playcenter, principalmente nas “Noites de Terror”... Nossa, como eu me divertia!

Quando a dupla Pedro e Thiago foi lançada em 2002, eu me apaixonei. Nunca tinha gostado tanto de um artista a ponto de me tornar fã, ainda mais assim, logo de cara.

A primeira vez que os vi pessoalmente foi quando a minha prima Thathí foi sorteada em uma promoção da rádio Nativa FM, para participar de um encontro de fãs com seus ídolos, Pedro e Thiago. Ela levou a irmã Thaís e eu fui junto. E consegui vê-los de perto, apesar da confusão no local. Eu fiquei fissurada em Pedro e Thiago. Assistia a todos os programas em que eles compareciam, me inscrevia em promoções e fui em dois shows de 1º de maio só para vê-los (um milhão e meio de pessoas e eu e minhas primas sendo esmagadas lá na frente. No primeiro 1º de maio, minha irmã passou mal e desmaiou. Foi socorrida e minha mãe a levou pra casa. No segundo, minha mãe e a Bruna não foram). Se tinha sessão de autógrafos eu ia, programas de rádio e tv... às vezes conseguia entrar, mas geralmente ficava do lado de fora, esperando eles saírem. (Muitas vezes vi Pedro e Thiago entrarem e sairem das emissoras de rádio e tv). Eles até já nos conheciam (éramos um pequeno grupo de fãs) e paravam o carro para que a gente pudesse abraçar, beijar, tirar fotos... Muitas vezes eu via a dupla em um lugar, descobria pra onde iriam e ia atrás.  O que me deixava ainda mais apaixonada era a humildade e a simplicidade da dupla. Mas, não era sempre que eu conseguia ir vê-los por causa da minha saúde.

Eu nunca consegui conversar direito com nenhum dos dois. As fãs mais “atiradas” não deixavam, e eu tinha vergonha e não sabia o que falar. Em novembro de 2007 eu, minha irmã e mais algumas fãs participamos de um jantar com a dupla. Foi muito especial, uma noite linda! Os meninos foram atenciosos e muito gentis. Vieram até mim para cumprimentar e tirar fotos. O Pedro ficou quase o jantar todo sentado ao meu lado, já que eu não podia ir até eles... Tocou violão e cantaram. Até bolo na boca eu ganhei! Rs... A Cida, mãe do Pedro, também foi muito gentil e atenciosa comigo. Em 2008 minha mãe me levou, junto com minha amiga, Andréia Viotto (Déia), ao único show da dupla que eu fui.  Conheci a Déia na porta de uma rádio. Porém, estudávamos na mesma escola. Ela é uma amiga muito querida. Em 2009 assisti a um reality show só por causa do Pedro, que estava participando.

No dia 20 de abril de 2012, o Pedro sofreu um gravíssimo acidente de carro e quase faleceu. Fiquei desolada. Mas, eu não perdia a esperança e a fé, mesmo quando ele teve uma parada de seis minutos, e me diziam que se ele escapasse, teria sequelas graves. Eu estava numa corrente de oração com muitos brasileiros em favor da recuperação de Pedro. E, graças a Deus deu certo. Dia 9 de julho, ele teve alta. E eu estava lá, na porta do hospital com minha camiseta escrito: “Força Pedro / Fã Clube Amor Eterno”, para participar daquele momento tão especial. A dupla acabou. Hoje o Pedro é apresentador de tv e o Thiago segue carreira solo. Ficou um grande carinho por essa dupla linda, que eu amei muito.

Em 2005 começou a ser exibida no Brasil a novela mexicana REBELDE. Eu comecei a acompanhar e logo virei fã da banda RBD, que saiu da novela pra vida real devido ao grande sucesso na ficção. Foi aí que peguei gosto pelo idioma deles, o espanhol.

Quando o RBD veio ao Brasil pela primeira vez, em 2006, eu, minha irmã (que também era fã) e minha prima Suzan (que na época estava morando na minha casa, e nós praticamente arrastamos ela) fomos vê-los na rádio Gazeta Fm. Nesse dia eu entrei na hemodiálise às 6h e saí às 10h e elas foram me encontrar na estação Jd São Paulo do metrô. Ficamos em frente à rádio Gazeta FM (Fundação Cásper Líbero) até às 21h e pouco para vê-los por uns 5 minutinhos. Mas vale todo o cansaço, a fome, o frio e a chuva que enfrentamos para termos “aquele momento” em que eles apareceram e ficaram lá acenando pra nós. Foi uma sensação inesquecível e indescritível. Até Suzan gostou.

Eu e minha irmã também fomos ver o RBD no estacionamento do Extra Hipermercado no shopping Fiesta, na região de Guarapiranga (longe pra caramba da minha casa! Saímos de casa umas 5:30 e chagamos lá por volta das 8:30). A banda iria dar autógrafos e cantar três músicas. Todas as senhas para os autógrafos já tinham sido distribuídas. Estava lotado, mas resolvemos ficar para vê-los cantar. Tentamos chegar perto da grade, mas estava muito tumultuado, quase caímos no meio da multidão, que fazia ondas por causa do empurra-empurra. Puxei a Bruna e fomos pra trás, apesar da resistência dela. Quando o RDB chegou foi uma loucura. Estávamos curtindo o mini show quando, de repente, formou-se um buraco na nossa frente, a música parou e a banda saiu... Ouvimos sirenes e apareceram helicópteros... Pessoas correram pra dentro do shopping... Pessoas passaram por nós machucadas, sem sapatos, chorando... Estava uma gritaria... Não entendemos nada e fomos embora. Depois soubemos da tragédia que havia acontecido... O alambrado foi forçado pela multidão e desabou. 3 pessoas morreram pisoteadas e mais de 40 ficaram feridas.     

Quando o RBD voltou ao Brasil fomos ao show, que aconteceu no Estádio do Morumbi. Apesar de tudo que passamos para conseguir ir e da grana que gastamos, sem ter (precisei pedir emprestado). Sem nenhum arrependimento. Foi lindo! A realização de um sonho.

Quando o RBD veio ao Brasil para o último “Tour del Adiós” (a banda se separou) também fomos ao show, que aconteceu no Arena Anhembi. Eu já tinha tido o AVC e não tinha cadeira de rodas. Minha irmã e a amiga dela me ajudaram com muita dificuldade a chegar até o posto dos bombeiros, onde conseguimos uma cadeira de rodas. Foi muito difícil, mas valeu a pena. O show foi incrível! A fase do RBD foi muito legal. Eu, minha irmã e minhas primas cantávamos e fazíamos as coreografias da banda. Adorávamos. Acabou, mas confesso... Deixou saudades.


Eu não poderia deixar de contar as coisas que eu gostava de fazer e os episódio que me marcaram com meus primeiros ídolos.


No Playcenter com as primas Thaís, Thathí e Isabela.

Na balada.

Jantar com Pedro e Thiago. Na foto comigo e a dupla, minha irmã Bruna e minha amiga Déia.

Estádio do Morumbi. Primeiro show do RBD em São Paulo. (Foto da internet)

Primeiro show em São Paulo. (Foto da internet).
Com a Bruna no Tour del Adiós.

No Tour del Adiós.

Tour del Adiós - Arena Anhembi.
Tour del Adiós - Ser o Parecer. São Paulo.
Emoção indescritível!

  
Tour del Adiós - Inalcanzable. São Paulo.

Ser fã do RBD foi uma experiência incrível! Era lindo se unir ao coro de milhares de pessoas, muito emocionante! Pena que nunca consegui realizar o sonho de abraça-los e dizer o quanto eu os amava.









quarta-feira, 5 de agosto de 2015

AS SEQUELAS E LIMITAÇÕES PÓS AVC

Voltei pra casa sem equilíbrio pra andar e me manter em pé sozinha, sem conseguir falar direito, tendo espasmos musculares, tremores, com Síndrome Parkinsoniana, com hiperextensão dos joelhos, escoliose, DTM (Disfunções Temporomandibulares)... Enfim, muitas sequelas e cheia de limitações. Eu sabia que seria muito difícil voltar ao normal. Mas tinha esperança.

Eu chorava muito, na maioria das vezes escondida. Eu sentia uma angústia muito grande no meu peito, aquilo me sufocava e doía muito, era horrível não conseguir fazer coisas simples como, por exemplo, me virar na cama sem ajuda. E aos poucos fui percebendo mais limitações... Comecei a sentir muita dor no corpo, principalmente nas costas e no ombro direito. Também percebi que fiquei com a sensibilidade à flor da pele... Chorava muito fácil, mas também sorria.

Eu sempre gostei muito de ouvir músicas e cantar (apesar de não ter talento pra coisa). E o fato de não conseguir mais cantar, me desesperava. (Eu sempre levava pra hemo meu discman e meu porta-cds). Um dia tive uma crise de choro durante a hemo porque eu não conseguia cantar. Eu não conseguia parar de chorar. Chamaram até a médica.

Minha mãe me falou que muitas pessoas oraram por mim e rezaram terços em prol da minha recuperação.

É emocionante saber que tem pessoas solidárias aos problemas dos outros, e nem todos me conheciam.

Minha avó Josefa, sempre preocupada comigo, não podia me ver que lá vinha ela com um copo de água benzida pra eu tomar, ela tinha uma fé admirável.

Eu me tornei uma pessoa quase que totalmente dependente das pessoas, e não me conformava com isso. Era muito desesperador.


sábado, 1 de agosto de 2015

O ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO (AVCI)

No dia 28 de junho de 2007, uma quinta feira, fomos atrás de alguém no Hospital do Rim para eu tentar fazer uma tomografia e descobrir porque eu estava tendo dores de cabeça frequentes. Encontramos o Dr. Gustavo, (o médico que me socorreu em 2005) ele fez o pedido da tomografia e eu fiz na hora. Porém, não apareceu nada no exame.
De vez em quando, o Dr. Gustavo dava plantão na Nefros. Foi engraçado quando o vi lá pela primeira vez,  em 2006. Ele contou como minha mãe o pegou pelo colarinho e o jogou na parede mandando ele ir me socorrer. Disse que estava feliz em me ver bem. Um tempo depois ele sumiu. Soube que tinha sido encontrado morto no apartamento dele. Foi morte súbita. Fiquei chocada.

No dia 29 de junho de 2007, (sexta-feira) fui fazer hemo com muita dor de cabeça e dor abdominal, lá me deram remédio duas vezes, Buscopan Composto e Dipirona na veia, o que fez minha pressão cair. Passei muito mal e dormi. Quando eu acordei, para ir embora, minha perna estava esquisita, parecia dormente. Não conseguia levantá-la direito e saí meio que puxando. No dia seguinte (sábado) eu tinha uma festa no ICRIM (Instituto de Apoio à Criança e ao Adolescente com Doença Renal) na parte da manhã. Me arrumei e saí com a minha irmã. Não consegui chegar no ponto do ônibus. Minha perna estava muito ruim. Voltamos pra casa e pedi pra minha mãe me levar ao médico. Nós já suspeitávamos de derrame.
A equipe médica que me atendeu no HSP fez uns testes comigo, e disse que eu não tinha nada, que eu estava andando daquele jeito por causa dos meus joelhos valgos. Mesmo eu e minha mãe dizendo que eu tinha os joelhos valgos há anos e nunca tive problemas pra andar, a chefe da equipe, Dra. Fernanda, teimou. Além da dificuldade pra andar, eu já estava falando arrastado, com dificuldade. E, eu estava me sentindo estranha, abobada. No entanto, não deram importância. A Dra. Fernanda, falou que por causa da greve do hospital ela não iria pedir tomografia porque eles estavam priorizando os casos mais graves. (Fiquei com muita raiva dela.) Nós ainda perguntamos se poderia ser derrame, já tínhamos lido sobre o assunto. Mas a Dra. Fernanda disse que não. A partir daí minha memória ficou bagunçada. Tem muita coisa que não lembro. Na verdade, quase nada. Vou contar o que minha mãe e minha irmã me contaram.

No domingo meus pais me levaram na Santa Casa. Depois de horas de espera, o médico disse que eu estava sofrendo os efeitos da Carbamazepina, o anticonvulsivo que eu tomava desde 2005, e suspendeu.   
Na segunda-feira, quando eu estava fazendo hemodiálise passei mal e convulsionei. Me amarraram na cadeira pra eu não me machucar enquanto me debatia, era uma crise convulsiva generalizada. Parei de me debater e fiquei “fora do ar”, era outro tipo de crise convulsiva. Fiquei em crise por quase uma semana... Com os olhos abertos, olhar perdido, olhando para o nada... Parecia que eu não estava lá... Ausência de consciência. A médica de plantão na Nefros tinha contatos no hospital São Luiz Gonzaga e conseguiu uma vaga pra eu ser transferida pra lá.

Quando eu voltei a mim estava confusa, sem forças, quase não conseguia me mexer, não podia andar, quase não conseguia falar, mal conseguia comer... Fiquei desesperada, eu me lembro das lágrimas escorrendo dos meus olhos, porém, me lembro também de sorrir.
Eu tinha tido um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), o popular derrame. 
Teve um dia em que as minhas primas Thaís e Thathí foram me visitar... A Thathí segurou minha mão e chorou de soluçar, falando que eu iria ficar boa (ela sempre teve jeito de durona, mas é uma manteiga derretida). Eu tentava falar pra ela não chorar, mas não conseguia. Era desesperador.

Quando me deram alta, acho que uns três dias depois que eu recobrei a consciência, eu não tinha melhorado. Depois de uns dois dias em casa, eu travei tomando café (pelo que eu li, provavelmente foi outra convulsão). Minha mãe me levou para o HSP. Fui internada.
Fiquei uns dias no Pronto Socorro aguardando vaga na enfermaria da neurologia. No tempo em que fiquei internada fiz vários exames e fui examinada e estudada por vários médicos e estudantes. Disseram que meu caso não era comum... Um AVCI aos 19 anos sem causa aparente, fator de risco ou histórico familiar. Porém, nada descobriram. Ficaram apenas nas suposições.  
Pesquisando na internet, descobri que meu caso não era tão raro quanto disseram e, que existem casos inacreditáveis e muito tristes... Bebês podem ter AVC na barriga da mãe, na hora do parto...

Na primeira visita do chefe da neurologia, o Dr. Henrique, ao meu leito, a Dra. Fernanda estava junto. Ela ficou toda sem graça. Depois que todos saíram do quarto ela veio pedir desculpas. Desculpamos. Não tinha mais o que fazer... Mas confesso, por muitas vezes, tive vontade de xingá-la e processá-la por negligência.